31 de maio de 2004

Alô criançada, o Bozo se estrepou!!!
Pois, é minha infância está ligada também a este palhaço esquisitão, de cabelo de bombril armado e roupa azul. Ao contrário de muita gente por aí, não tenho trauma nenhum quanto a figura dos palhaços; assistia ao programa bozolino com prazer. Fui de uma geração de transição, entre o palhaço azul e a palhaça da Xuxa, não faço parte da turma descrita pelo site Rocker Magazine como "a geração pós-Bozo que cresceu vendo e ouvindo o monstro Xuxa, [...]". Não é por menos que dizem que João Gordo, ex-rato-de-porão e atual VJ da MTV, fica nervoso e chateado se falam mal do palhaço Bozo perto dele, embora o gordinho não tenha tido pudor algum ao perguntar para o próprio se ele cheirava cocaína antes de apresentar seu programa infantil. Ainda na MTV, o programa Hermes e Renato tem o quadro do palhaço Gozo, em que todas as brincadeiras, como é fácil se supor, giram em torno de sexo - com aquela elegância e sutileza típicas da trupe. Ou seja, é mesmo a referência trash-infantil de uma geração.
Agora chegam notícias da bozolândia dizendo que Bozo não era o Bozo! Larry Harmon, apresentador e produtor que sempre afirmou ser o primeiro Bozo da história, teve sua história contestada pelo Hall da Fama de Palhaços Internacional, com sede em Milwauke, EUA - pára de rir que isto não é piada; o instituto existe mesmo! Aparentemente descobriram que o clown foi uma invenção do executivo da Capitol Records, Alan Livingston, em meados dos anos 40. O primeiro a personificar o personagem foi Vance Pinto Colvig (não escrevi errado, é Pinto mesmo), em gravações de LPs.
Isso mesmo, meus leitores, mais um símbolo de nossa infância que se vai... Os alicerces conceituais da minha infância passaram por sérios abalos sísmicos, mas resistirão a derrocada de Bozo, tenho certeza. Perserverarei (tente dizer isso em voz alta, sozinho, no escritório, com seus colegas olhando para você; depois escreva para mim contando a experiência).

28 de maio de 2004

Eu tenho que ver este filme!
Donnie Darko! - e, pelamordeDeus, não o confunda com Donnie Brasco...

27 de maio de 2004

E a mãe, quanto custa?
Uma lasca da cruz na qual Jesus foi crucificado está a venda no Arremate.com! Peça imperdível, raríssima, conservada numa caixa de altíssimo nível, esta impressionante relíquia foi adquirida em 1930, em Jerusalém.
Logo estarão disponíveis também:
* Um fio de pêlo da ovelha fêmea que Noé levou na Arca;
* Uma lasca da pedra que Davi tacou na cabeça de Golias;
* A última folha da árvore boddhi, embaixo da qual Buda atingiu a iluminação;
* Um pedaço das Tábuas da Lei que ficou de fora da Arca da Aliança, onde ainda se lê: "Não...";
* Um tijolo das muralhas de Tróia (brinde grátis: um pedaço da madeira do cavalo!);
* O nariz empalhado da rena Rudolph, pioneira no transporte de Papai Noel;
* A pata do coelho da Páscoa;
* A pedra fundamental da Muralha da China;
* A cueca de Genghis Khan.
Em breve, num site de leilões perto de você!
Outro blog?
Isso mesmo, tenho outro blog, O Homem Que Não Falava Javanês, no serviço Javablogs, invenção das prolíficas cabeças que habitam o GUJ - Grupo de Usuários Java. Aos navegantes que não sabem, sou programador (aspirante a analista de sistemas) e começo a trabalhar com a linguagem Java com firmeza agora.
Mas vale o aviso: O Homem Que Não Falava Javanês trará posts sobre tecnologia e informática, em sua maioria. É o lado nerd do Anacrônico que aflora na web (argh, que frase brega). Por isso, ao acessar, saiba da encenca na qual está se metendo.

25 de maio de 2004

Eu vou estar participando desta campanha!
Sim, e você também pode estar participando. Basta estar copiando o endereço da figura abaixo, cortesia que está sendo disponibilizada pelo site Mundo Perfeito. Com sua ajuda, vamos estar banindo esta praga da língua portuguesa brasileira atual, o gerúndio inútil que já está irritando muita gente por aí.



20 de maio de 2004

Minha Vida sem Mim
A crítica do Pablo Villaça ao filme Minha Vida Sem Mim é tão boa que dá vontade de assistir a ele agora mesmo. Basta ler este trecho:

Scott Speedman, por exemplo, protagoniza uma comovente conversa com a esposa – e poucas declarações de amor poderiam ser tão tocantes quanto a simplicidade com que ele diz: 'Eu gostaria de ser melhor para você'
Nós, os brasileiros que odiamos os ianques...
Quando eu falo que parte da desastrada decisão do governo em enfiar o pé no grande glúteo do jornalista Larry Rohter pode ser creditada a crença de que qualquer medida, por mais absurda que possa parecer a primeira vista, será bem recebida pelos brasileiros pelo fato de ser antiamericana, eu não estou brincando. Vejam-se os absurdos escritos por dois leitores do jornal Estado de Minas, cujas cartas foram publicadas por lá, no dia 17 de maio:

Do leitor Rodrigo França, de Belo Horizonte...
Ao garantir a permanência do bisbilhoteiro jornalista norte-americano no Brasil, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tomou decisão no mínimo polêmica. Imaginemos a recíproca: um jornalista brasileiro registra cenas da Casa Branca, onde o sanguinário George W. Bush planeja seus jogos de guerra.

Já até imagino o Bush com um mundo de plástico pintado no chão, fazendo “vrum-vrum” com os lábios, ajoelhado com Rumsfeld e Powell, todos eles brincando de guerra mundial imperialista. Alguém andou assistindo a Senhor Fantástico demais...

O que faria o “democrático” governo dos EUA?

Daria de ombros. É o que eles fazem com todos os correspondentes estrangeiros de chamam Bush de mentiroso, covarde, burro, megalômano e ex-bêbado, todos os dias.

Melhor nem pensar. A privacidade dos homens públicos não pode ser violada por pessoas inescrupulosas.

Isso mesmo. Os homens públicos devem agora criar um cadastro de pessoas confiáveis. Aqueles que não puxarem o saco deles passam automaticamente para a categoria de destestáveis inescrupulosos.

Yankees go home!

Vão mesmo, podem ir. Perderão o país do samba, da malemolência, do tesão, da baixa escolaridade e do crescimento pífio.

Do leitor Mauro Alvim, também de Belo Horizonte...
Que direito tem um jornalista estrangeiro de enviar reportagem caluniosa envolvendo o nosso presidente para um órgão da mídia norte-americana?

Já ouviu falar de liberdade de expressão? Qualquer um tem o direito de dizer a asneira que quiser (diga-se de passagem que a tal matéria era muito ruim mesmo) e arcar com as conseqüências disso. Se você acha que a coisa tem que ser diferente, dê uma olhada nos países “desenvolvidos” que controlam todas as notícias que saem de lá: Cuba, Coréia do Norte, Turcomenistão, China (nem me falem que é uma potência econômica, já parou para pensar no que eles fazem, moralmente por lá?).

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse posado com um copo de uísque escocês a história seria diferente?

Seria. Os escoceses o teriam chamado para fazer comercial do Johnny Walker. Keep walking, mr. Lula. Claro, ele recusaria.

A meu ver, o presidente precisa dizer um basta a provocações deste tipo.

Isso mesmo! Daqui para frente, jornalista bom é só jornalista a favor. O resto não é confiável. Vai perder a carteirinha para circular no Congresso, não terá direito a meia entrada no cinema e se for um migrante nordestino morando em Sampa, será devolvido a Paraíba no pau-de-arara para aprender a deixar de ser bobo!

Até quando estaremos de cabeça baixa diante dos ianques que vivem se embriagando com o sangue de inocentes iraquianos e outros países, que estão “invadindo” a nossa Amazônia com “missionários” e ONGs com atitude suspeita?

Hã... Os soldados americanos, além de torturadores, agora viraram vampiros também? Pelo que sei, a maioria das ONGs que invade a Amazônia é européia...

Bem faz o nosso presidente com o “fora” para o jornalista calunioso.

Fez tanto bem que a Justiça disse que legalmente não podia. Ou o presidente não entende de leis ou entende e assumiu a “responsabilidade” de tomar uma medida autoritária. Em ambos os casos, está errado. E, se está errado, não fez bem mesmo.

18 de maio de 2004

O que queremos ser é... "Malandro Burro Feliz Com Dinheiro"
Navegando a esmo pela blogosfera brasileira, me deparei com o blog Something Stupid, do Chico e com esta pérola da síntese da alma nacional. Eu jamais teria escrito melhor. Cito abaixo alguns trechos (você tem que ler a coisa toda no blog dele):

Mas eu falaria sobre o tipo ideal do brasileiro. O Malandro Burro Feliz Com Dinheiro. É o que mais se quer ser. Não se trata de aceitação de uma determinada condição psico-social. Não, se trata de desejo mesmo, de busca, de Sentido da Vida. O brasileiro típico quer ser malandro burro feliz com dinheiro.

Na verdade, o burro feliz é o mais fácil de ser e se encontrar por aí. É o modelo básico, digamos assim, sem os acessórios. Para ser burro, ele não precisa de nenhum esforço. A "felicidade" também pode ser comprada baratinha, mas não depende só de dinheiro. O burro feliz típico é aquele que quer a cervejinha do fim de semana, uma mulher em casa, a possibilidade de traía-la vez em quando e salário no fim do mês.

E é a aceitação dessa burrice como "conquista" da "inteligência" e caminho necessário para a felicidade a única "contribuição" brasileira para o mundo. Desculpem as aspas em excesso, mas brasileiro já é um ser humano entre aspas, portanto...

E se tiver dinheiro, a felicidade na Terra está completa. O malandro burro feliz com dinheiro é o auge que todo brasileiro almeja alcançar. Taí o Big Brother que não me deixa mentir.


Agora entendi o que tanto me incomoda nos comerciais de cerveja - todos eles, mas em especial os da Schincariol, que estão entre as peças publicitárias mais idiotas da história. Nada contra a cerveja, claro. Na verdade, prefiro um vinho a ela. Bom, na verdade mesmo, não gosto de cerveja. É isso mesmo, pode bater, pode mandar e-mail me xingando, eu não gosto de cerveja!!! Pronto, falei, vai encarar?
Pois bem, o fato é que as tais propagandas resumem a celebração deste modelo "Malandro Burro Feliz" (com dinheiro, nem sempre...). Em geral, seus personagens são uns manés de uns 26 a 30 e poucos anos, que contrastam com a beleza das modelos em ambientes de descontração depois da chatíssima semana de trabalho. Veja o último da Skol. O imbecil pergunta se a esposa vai continuar gostosa depois do casamento, porque a Skol, afinal de contas, tem lá suas décadas de vida e continua gostosona (para quem gosta). Desfeito o casamento, vemos o cara e um amigo num bar, onde o primeiro resume tudo: "Falou pouco, mas falou bonito" - típica frase de amigo bêbado mesmo.
A negação da realidade (não, meu amigo, sua esposa não será gostosa para sempre, e você, ó guardião da estética feminina, ficará careca, barrigudo, enrugado e mais chato do que é hoje) é um traço inegável do brasileiro. Estamos sempre a inventar desculpas, teorias acadêmicas e "intelectuais" de quinta categoria só para provar que nosso atraso é superior ao desenvolvimento dos outros. Junte-se a isso a absoluta falta de ambições pessoais, profissionais, espirituais, intelectuais, etc., etc., que a maioria do povo (seja lá de que "classe social" for) carrega como valor positivo e temos a receita pronta a desandar. E já desandou faz tempo - nós é que não percebemos ainda...
E aí, galega, concordagam comigo?

14 de maio de 2004

Vai uma vaga aí, moço?
Notícia publicada no IG Notícias: Reserva de vagas nas universidades públicas é bem recebida no Senado. Não se preocupe, não vou torrar a paciência de ninguém com mais uma lista de razões e argumentos sobre reservas de vagas (ou não). O que chamou a minha atenção no artigo foi a justificativa (ou senso de realidade, diriam alguns) dos autores da proposta. O senador Antero Paes de Barros, autor de outro projeto, não aprovado no falecido governo FHC, resumiu suas razões para a reserva de vagas para alunos da rede estatal assim: "[...]isso é bom, porque a classe média vai para a escola pública e vai exigir mais qualidade. No Brasil, pobre não tem voz, só a classe média"
Muito bem! Pobre não tem voz e os senhores políticos, eleitos por milhões de pobres em todo o país, perderam a vergonha de vez e agora afirmam isso com todas as letras. Que bom que a classe média (que pode pagar pelo ensino privado, diga-se de passagem) vai migrar para o ensino estatal porque ela tem voz ativa e vai exigir melhoria no ensino. Puxa, isto deve compensar as vagas que os garotos de classe mádia vão tirar da galera que não pode pagar pelo ensino privado, não é mesmo? Agora, vem cá, me explica outra coisa: se não há verba neste governo nem para os programas sociais dele, de onde é que as reinvindicações da classe vão encontrar eco e resposta? Ou os senhores estão sonhando em ver pais de classe média "ajudando" a manter as escolas estatais? Porque, se for por isso, façam o favor de acabar com a "gratuidade" do ensino estatal de uma vez, ao invés de se esconder por trás de subterfúgios como este.
Ou seja, as universidades estatais continuarão a ser "reduto" preferencial da classe média - nada mudou. A diferença é que agora pobre se estrepou de vez; se já não entrava mesmo nas universidades estatais (ou se matava de trabalhar para fazer curso noturno nas faculdades privadas, como eu fiz), nem educação básica vai conseguir mais. Agora eu entendi a proposta amalucada de se criar reserva para os negros, deve ser uma forma de se compensar o desmanche que esta nova medida trará.
Em resumo: ao invés de investir na educação básica, na boa formação dos alunos no ensino estatal (não importando suas origens), na preparação de todos para a disputa pelas universidades, vamos fazendo estes remendos aqui e ali, acreditando que caminhamos para o maravilhoso posto de líder dos países em desenvolvimento (leia-se "o menos pobre dos miseráveis").
Quando outro exame, como o Pisa, demonstrar, novamente, a absoluta estupidez dos alunos brasileiros, onde os senhores que pregam este "novo modelo" vão enfiar suas cabeças? Porque avestruz só existe na África e este negócio de enfiar o cocoruto na areia é um mito de desenho animado. Se é que os senhores não faltaram às aulas de Biologia.

12 de maio de 2004

Para encerrar o assunto de ontem...
Tem muita gente por aí dizendo que não há nada de mais na atitude do governo em chutar o jornalista do New York Times que escreveu o artigo (aliás, um péssimo artigo, incrivelmente mal redigido). Pois eu digo que há, sim, e que esta foi uma medida desastrada e inútil. Nos EUA de George W. Bush, o presidente é chamado de idiota, covarde e mentiroso dia após dia por jornalistas muito melhores do que este tal Larry Rohter. Por Deus, o que importa aos interesses nacionais, a segurança, soberania, sei lá o que mais, se um sujeito resolveu escrever que o presidente brasileiro talvez esteja se excedendo na bebida? E vejam que o colunista da Veja e polemista Diogo Mainardi escreveu a mesmíssima coisa (com tons próprios de ironia) meses atrás e não se mexeu uma palha contra ele. Então a expulsão de Larry Rohter trata-se de uma medida populista contra o "gigante do Norte"?
Destaco a seguir alguns trechos de artigos da revista Primeira Leitura sobre o caso. Você pode lê-los na íntegra aqui e aqui.

A nota que faltava, infelizmente, sai da pena do embaixador Roberto Abdenur. Em nome do Brasil, vejam lá — do meu e do seu também, leitor —, o diplomata sugere haver uma conspiração nos EUA contra o Brasil. Mergulhamos fundo no ridículo desta vez.

O governo Lula dispõe de uma secretaria de Comunicação e de um porta-voz. O Planalto está coalhado de jornalistas. A estes, sim, caberia, se se julgasse adequado, responder nem a um jornal americano, mas apenas a uma reportagem nele contida. De um representante do Estado brasileiro no Exterior cobra-se mais do que bater boca com jornalistas por causa de informações que, de resto, estão longe de pôr em risco os interesses nacionais.

O entendimento mais profundo do petismo sobre o que é uma democracia mostra a face, esta que vinha sendo mitigada pelos óbvios desastres de Lula. É triste dizer, mas é fato: fosse este governo um sucesso de público e de crítica, trilharia um caminho autoritário qualquer. De fato, nas franjas, o partido ensaia a sua vocação — desastrada, diga-se — para ser o Moderno Príncipe, como aqui muitas vezes se alertou. Felizmente, é incompetente demais para isso. Expulsão de estrangeiro do país porque o punido desagrada ao governo remete imediatamente ao padre italiano Vito Miracapillo, deportado do país em outubro de 1980, durante a moribunda ditadura do general Figueiredo.

Não há dúvida: 24 anos depois, os responsáveis pela decisão de expulsar o correspondente Larry Rohter são, claro!, Lula, Thomaz Bastos e o governo como um todo. Coonestam a decisão e por ela respondem solidariamente todos aqueles que — jornalistas sobretudo — buscaram no texto de Rohter algo além do que ali estava: uma reportagem irrelevante. Essa gente não quer democracia; quer é ditadura. Como aquela que expulsou Miracapillo. E também — é bom que fique claro — figuras de oposição se comportaram mal no episódio.

E durma-se com um barulho destes.
A maior asneira da história deste país de quinta categoria
Atenção, meus caros leitores: está, desde agora, revogada a liberdade de expressão no Brasil. Aberto o precedente da expulsão do jornalista do New York Times que escreveu um artigo sobre os hábitos alcóolicos do nosso presidente, qualquer um que tenha a petulância de insinuar qualquer coisa contra o Planalto e seus ocupantes está sujeito a expulsão, processo, prisão. Portanto, este blog passará a se comportar como um legítimo sabujo do poder, coisa lucrativa e simples que nossa mídia aprendeu há muito tempo como se faz.
Por isso, não apoiamos mais a ONG Repórteres sem Fronteiras, que colocou o país ao lado de ditaduras como Cuba, Turcomenistão, Coréia do Norte, Venezuela. Organização, aliás, que chiou quando o Brasil, este gigante de genialidade e independência diplomática, não reclamou quando Fidel resolveu passar fogo nuns dissidentes que tiveram a audácia de fugir daquela ilha da fantasia.
Por outro lado, apoiamos integralmente a teoria do embaixador Roberto Abdenur, para quem há uma conspiração contra o Brasil arquitetada por mentes diabólicas que habitam a Casa Branca.
Qualquer repórter que ousar duvidar da mais absoluta integridade de qualquer político do governo se coloca, automaticamente, como um desordeiro, um baderneiro que merece a exemplar punição que o eficiente estado brasileiro há de lhe imputar.
Quem não percebeu que este é um texto satírico, eis a prova. Se a democracia brasileira não dá mostras de tolerar a expressão de um jornalista, seja brasileiro ou dos EUA, então a rota preferida pelos ocupantes dos mais altos cargos é, no mínimo, preocupante. Expulsar jornalista porque ele escreveu um textinho que desagradou ao alto clero é uma estupidez que nem os militares fizeram. Com esta, o governo Lula se alinha aos mais patéticos ditadores de bananas e areia, jogando por terra seu suposto esforço diplomático, e humilhando a todos nós perante o mundo. Quem aí tem orgulho de ser brasileiro depois desta?.

11 de maio de 2004

Ié!
Podem me xingar de puxa-saco, mas esta nova interface do Blogger é ótima!
Ah, estes adoráveis idiotas...
Este artigo do UniversoHQ presta uma justa homenagem a alguns dos personagens mais idiotas e queridos de todos os tempos. Vale a espiada.

9 de maio de 2004

Por falar em Walter Salles...
Li que seu próximo projeto é a refilmagem norte-americana de um terror japonês, Dark Water. Assisti este filme alguns meses atrás. Não é tão bom assim, mas é bem realizado e cuidadosamente claustrofóbico, brincando com a questão da solidão urbana num edíficio assombrado por uma tragédia do passado. Os planos são estáticos, um tanto longos e melancólicos. Quando o terror surge, não faz feio, mas o final é telegrafado muito antes da conclusão.
A pergunta inevitável: O que Salles viu neste filme? Talvez a oportunidade de tentar um mercado ainda inexplorado para ele - o norte-americano/internacional/cinemão. Fernando Meirelles está lá, filmando The Constant Gardener, que conta com Ralph Fieness no elenco. Aliás, o diário da produção é publicado no excelente Cinema em Cena.
Che e os Diários de Motocicleta
O que dizer de Diários de Motocicleta, de Walter Salles? Ninguém duvida do gigantesco talento do nosso cineasta mais internacional, do qual ele já deu mostras em mais de um longa. Mas, por que, a esta altura do campeonato, reviver a figura de Che Guevara? A resposta mais simples que consigo imaginar é: ele é um ótimo personagem. Antes de continuar a leitura, já aviso que não simpatizo nem um pouco com Che ou as idéias que ele defendeu, muito menos com as suas ações. Dito isto, prossigamos.
A armadilha que Walter (os jornalistas costumam chamá-lo de Waltinho... detesto apelidos, especialmente aqueles que me dão uma falsa intimidade com alguém que mal conheço) evita, com inteligência e elegância, é tentar explicitar o momento em que surge Che, o revolucionário, a partir de sua viagem pela América Latina. Até porque ele não tem esta resposta. Entretanto, esta armadilha esconde outra, bem mais espinhosa. Porque quando Che emerge, ele acaba por abandonar aquele povo que descobriu na travessia, colocando a ideologia acima deles, comandando assassinatos e liderando pessoalmente o massacre dos "inimigos políticos" no famoso e mitológico parédon. Mesmo a beleza do filme, o apuro estético de Walter não serão capazes de desfazer este nó.
A intenção explícita do roteirista e diretor é a de humanizar o mito, devolvê-lo ao convívio diário, torná-lo palpável - portanto, a escolha da viagem de Che e Granado não poderia ser mais óbvia. Tentando se distanciar da ideologia, o filme deseja ser para a América Latina o que Central do Brasil foi para o nosso país, ou melhor, para o público brasileiro: um convite visual a descobrir uma terra distante da maioria de nós. Diários de Motocicleta demonstra a ambuigüidade de nossa terra, uma ilha de descendência portuguesa cercada por um conjunto de países de línguas e tradições tão diferentes que é como se estivéssemos visitando outro planeta. Exceto nos nossos problemas, misérias e na capacidade algo “messiânica” de se acreditar em homens como Che. Infelizmente, é impossível demover Che de sua condição de mito; sua imagem já foi diluída até pela cultura pop, com a foto de Alberto Koda estampada em camisetas e bonés de qualquer rebeldezinho de cara espinhuda ao redor do mundo. Também infelizmente, este mito reacende a crença em outro, ainda mais complexo e, digamos, perigoso: o da revolução como resposta aos gigantescos problemas das sociedades. A curto, médio ou longo prazo, toda revolução vem cobrar seu preço, porque demonstra ser apenas um instrumento de tomada do poder por um grupinho de sujeitos travestidos de representantes das massas. Não foi diferente com Che, que se deixou apaixonar não mais pela humanidade, mas pela idéia da revolução em si mesma. Vira burocrata em Cuba, comanda execuções, escreve um cruel livro-guia para guerrilheiros, vai a África “fomentar mil Vietnãs”, volta a América do Sul, derrotado, e acaba preso e executado.
Sem dúvida um personagem rico, mas certamente não o “homem mais completo do século XX”, como o definira, fazendo o papel de baba-ovo filosófico, Jean-Paul Sartre.
Aliás, se serve de contraponto, vale a leitura de O Homem Revoltado, de Albert Camus. Até a publicação deste livro, ele e Sartre eram amigos, mas diante do silêncio e apoio de Sartre às atrocidades stalinistas, Camus mete o dedão na ferida e tornam-se inimigos ferrenhos.
Mas não se deixe enganar nem pela ideologia ou por este post: assista a Diários de Motocicleta e redescubra uma América Latina que nosso isolamento condenou a distância. E pense muito bem antes de assinar embaixo de qualquer um que diz saber como conduzir os povos a “libertação”. Isto vale para Che também.

7 de maio de 2004

Eles não entenderam nada...
Kill Bill, o novo petardo de Tarantino, parece-me, terá vida curta nos cinemas brazucas. Mesmo em Sampa, dizem-me alguns amigos, deve sair logo de cartaz. Aqui em Beagá a reação não foi exatamente positiva. Ninguém entendeu a ironia e as citações a cultura pop mais descerebrada e divertida que os anos 60, 70 e 80 produziram, concentrando suas críticas e observações na violência do filme. Comecemos pelo editor João Paulo, que, no Estado de Minas, se perguntou o que aconteceria se Tarantino tivesse se dedicado a ler e ver coisas melhores quando era adolescente; segundo ele, estaria criando filmes muito melhores. É gente assim que vive dizendo que devemos valorizar os elementos da cultura popular, mas se esquiva quando vê cultura popular criada fora dos limites estreitos do Brasil e de suas concepções de sociologia. Ora, admitemos que, de uma forma ou outra, o cinema e a TV são indústrias de cultura de massa, portanto, popular. Uma vez vez aceito isto, o que há de errado num filme que brinca com estes elementos? Há em Kill Bill referências aos filmes de artes marciais do anos 70, aos animes (desenhos animados japoneses), e, claro, àquele jeitão meio pulp, deliciosamente trash e irreal que há no universo tarantinesco. Isso mesmo: irreal. O próprio Tarantino disse que tudo que escreve aprendeu não nas ruas (eu morro de rir quando leio isso; ele era um nerd atendente de vídeolocadora e consumidor voraz dos filmes de pancadaria de Sonny Chiba), mas nos cinemas. Ainda admite que seu primeiro filme, Cães de Aluguel (Reservoir Dogs) é inspirado num obscuro filme policial de Hong Kong.
Quem se impressiona com a acidez de seus personagens, que discutem sobre sanduíches antes de mandar para o céu um bando de moleques que tentou passar a perna no chefão local, aqueles que se aterrorizam com o sangue que jorra dos pedaços de japoneses que caem ao chão depois de devidamente fatiados pela Noiva, é porque não entendeu a piada. Mais uma vez, os comentários revelam mais sobre quem os diz do que sobre o filme. No mesmo Estado de Minas, numa reportagem pífia sobre a violência no cinema (aliás, o outro filme citado era A Paixão), uma psicóloga deu sua contribuição pessoal ao equívoco. Segundo ela, "colocaram uma branca para dar cabo de uma negra e uma japonesa, globalizaram a violência". Santo Deus! Agora Tarantino é porta-voz de uma suposta ultradireita histérica norte-americana que enfia mensagens subliminares da dominação dos branquelos do lado de cima nos filmes! Esta senhora passou dos limites do bom senso.
Mas, convenhamos que ela apenas aplicou ao que viu seus conceitos, interpretou de acordo com o filtro que tinha e a ignorância absoluta sobre o obejto analisado. Afinal, ela admite que foi ao cinema ("não saio de casa para ver um filme violento destes") apenas porque o marido leu e gostou da sinopse. Vejamos. O filme chama-se Kill Bill e a sinopse informa que uma mulher "quase assassinada" pelo marido às vésperas do casamento, volta do coma anos depois para se vingar. Ora, o que a senhora esperava encontrar? Uma adaptação de obra de Jane Austen? Um filme do Spielberg?
E é melhor eu ir logo assistir, antes que os mineiros corram com este filme dos cinemas. Como se não bastasse o atraso da distribuidora Lumiére (sete meses!!!!)...

6 de maio de 2004

Pé na jaca, na lama, nos quintos dos infernos
Se eu não fosse este rapaz educado que todos conhecem, não hesitaria em escrever um belo de um "Fodeu!" no título deste post. Como sou este sujeito ajuizado e meio bundão que vocês conhecem, arquivo o "Fodeu!" e fico com um mero "pé na jaca". O assunto, claro, são as estripulias dos soldados norte-americanos no Iraque. Não bastasse a competência do governo Bush ser questionada, a eficiência da ocupação e o suposto sumiço das armas de destruição em massa (que, diga-se de passagem, existem; ou será que Saddam Hussein exterminou os curdos a base de paus e pedras?), agora desce-se aos portões do inferno, definitivamente.
Era de se esperar que os atentados terroristas de 11/9 levassem os EUA a uma série de medidas que restringissem o ir e vi dos cidadãos e sua privacidade, jogando por terra boa parte da ideologia que faz com que o país seja admirado e/ou odiado. Mas talvez nem os terroristas imaginavam que conseguiriam ir tão longe no convite que fizeram às chamadas democracias ocidentais: "vem cá nos encarar, babacas! Mas para nos derrotar vai ter que usar de terror também, mané!". E não é que os idiotas foram? Agora que se vêem num lamaçal sem perspectivas de resgate a curto prazo, Bush e cia. se desculpam de olhos nas ?eleições, promovem uma suposta devassa a procura dos soldados que cometeram os crimes. É de se perguntar se esta prática é a regra ou a exceção; ou, pior, nem uma coisa nem outra, mas uma atividade (explico: tortura, humilhação, sevícias sexuais...) medianamente popular e tolerada pelos oficiais.
A triste história das vitórias bélicas e das ocupações não deixa margens para otimismos. Os aliados bombardearam inutilmente a população civil berlinense com uma fúria que destoava do "nobre ideal" de derrotar Hitler e seus asseclas. Neste momento, igualaram-se, desprezando aqueles a quem juraram proteger. No final, é claro que Hitler teve o fim que merecia, mas as máculas do conflito são quase-segredos que poucos ousam mencionar abertamente. Da mesma forma, a imagem de uma União Soviética triunfante, tomando o outro lado de Berlim para si é de uma falsidade aterradora - sabe-se hoje que praticamente toda a população feminina sobrevivente foi estuprada por soldados russos bêbados; muitas até a morte, por dezenas de homens. Como diz o ditado, de 8 a 80 anos, todas foram vítimas da mesma fúria.
Por que acreditar que seria diferente no Iraque? E agora, como os conservadores e alguns liberais vão sustentar a teoria da ocupação relativamente tranqüila do país, com conflitos isolados (porém ferozes) e uma população recém-conquistada pelos norte-americanos? Como dizer a outros povos árabes, a duras penas parcialmente convencidos pelos homens de Washington nos últimos 30 anos, de que os homens do lado de cá não são tão ruins quanto parecem?
É um atoleiro do qual nem a eleição poderá tirar os EUA. Não se trata apenas do governo Bush, mas de uma situação insustentável e sem solução - a não ser com o abandono do país ocupado a sua própria sorte.
Durma-se num atoleiro destes.

5 de maio de 2004

Eu perdi minha crença na humanidade...
Sério. Estou com minhas esperanças no homem profundamente abaladas depois de ler este post. O sujeito compartilha arquivos pela internet, usando um programa peer-to-peer (P2P, para os íntimos) chamado Limewire. Apenas por brincadeira, ele resolveu trocar o nome de um dos vídeos, uma apresentação do Led Zeppelin, para "Hot Lesbian Sex". Estarrecido, viu o ponteiro dos downloads superar rapidamente os 50 pervetidos atrás de duas mulheres, digamos, animadas. Então... Tom (o dono do blog) resolver renomear os arquivos para nomes ainda mais bizarros. Leia o resultado aqui.
Ah, se você não souber o que é um emu, clique aqui para ver uma foto dele.

Eita!
Um dos sites e comunidades que mais visito, a Central de Quadrinhos, está fora do ar faz um bom tempo. Pois bem, acabo de acessar novamente o endereço e me deparei com o anúncio do editor, Paulo César Arashiro. Por falta de um mísero backup do site (coisa obrigatória e que consta do contrato de hospedagem), muita coisa - repito: muita coisa mesmo! - foi perdida. Esperamos que isto que se resolva logo e desejo boa sorte ao pessoal da Central.
Mais do mesmo: não é a primeira vez que vejo isto acontecer. Serviços de hospedagem de sites sem política de backup, dados perdidos e usuários irritados. Não é à toa que, quase 10 anos depois do primeiro boom da web, todo mundo a olha com um misto de admiração, medo e ceticismo.
Só uma pergunta: dói ser competente, pelamordeDeus?

4 de maio de 2004

Animação suspensa
Vida suspensa por mais de duas semanas, ajudando um familiar próximo a lutar contra depressão. Doença estranha e próxima, esta. Se fosse falar dela, sairia um balaio de clichês. Evito-os com apenas estas frases.