29 de outubro de 2003

Falta de ter o que dizer...
É difícil dar o braço a torcer, mas tenho que concordar
comigo mesmo.

26 de outubro de 2003

Pudores estéticos
Ainda me deve uma explicação uma colega minha que reclamou da feiúra de Elvis Costello. Hã? Calma, explico: ela gostou da versão deliciosamente brega e solene (como muitas vezes o solene se aproxima do mau gosto...) da música She que faz parte do filme Um Lugar Chamando Notting Hill, mas achou que o sujeito era feio demais para participar daquela trilha sonora. Fantástico – agora medem a qualidade pela aparência do cantor.
Não que a aparência dos seres masculinos de fato me interesse; a exceção da minha aparência, claro, quero mais é que os outros se explodam. De fato, Costello pode ser vesgo, ter uma corcunda que muda de lado a cada minuto (como o impagável Martin Feldman em O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks) ou ser o mané que todas as mulheres desejam, o que desejo que ele faça o cara faz, e muito bem: canta como poucos. E estamos conversados. Quem aí fica medindo belezas nas poses e não nas vozes, pode ficar com seus produtos, que eu me viro com meus MP3 e CDs de gente feia e taletosa. Amém.
Ei, esta historinha besta de ditadura da beleza não está indo longe demais?

Ouvindo agora...
It´s a Mistake, do Men At Work. Alguém aí se lembra?

25 de outubro de 2003

Testando... Isso é que é final de semana, hein?
E...
Brincando com o template. Estou conseguindo deixar o blog mais feio a cada cara nova que tento... E agora descubro que, quando uso o recurso de título do Blogger, ele ignora a configuração de código de página para impressão dos acentos e outras bubiças da nossa língua. Cara, que coisa maluca!
Vai funcionar...
Estou brigando com o Enetation para implementar um sistema de comentários aqui no meu blog, mas o Blogger não quer identificar a tag que informa a ele o número que o próprio dito cujo atribui ao meu post!
Espero resolver este problema em breve...

Sem graça

Sem graça
Li, faz algum tempo e em algum lugar que, obviamente não lembro mais, caso contrário já teria citado a fonte logo na abertura do parágrafo, que nada é pior para um jornalista do que conhecer um político. Sim, conhecer de conversar, trocar um ou outro piscar de olhos, guardar umas pequenas e inofensivas confidências que, longe de afetar a segurança nacional, brilham como pepitas de ouro aos olhos e neurônios desatentos do profissional de letras diárias. Daí para a admiração cega e a troca de “pequenos favores” vai um pulo, um passo. O mesmo posso dizer para os humoristas.
Já que a fauna política sempre foi inspiração para alguns dos melhores e mais inteligentes gozadores da miséria alheia, esperava-se que os humoristas não perdessem a velha verve, por assim dizer, em tempos de governo novo. O problema é que quase todos sempre estiveram ao lado (de preferência, a esquerda) dos novos donos do poder e agora mordem-se de vergonha de dirigir uma criticazinha sequer a seus aliados. Ora, senhores, abaixo o cabotismo, vamos em frente que humor é e sempre será subversão, e se não o for, não tem grande valor. O negócio é mostrar que o rei está nu e todos (repito:todos) os que se arriscam a ficar debaixo da espada que está pendurada em cima do trono, acabam por abdicar de suas vestimentas. E sempre precisaremos do menininho chato, aquele que grita no meio da multidão: “O rei está peladão!”.
Com algumas poucas exceções, cito o site Charges.com e o Casseta & Planeta, que promete satirizar tudo e todos no seu primeiro longa para o cinema. É aguardar para ver.

22 de outubro de 2003

Ouvindo agora...
Porque te Vas
, na versão maluca-baranga do Pato Fu. Eclético, o sujeito, huh?
Arghhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Escrevi um post bacana sobre o humor e a política no Brasil de hoje e a minha conexão a internet falhou bem na hora que cliquei no Post & Publish. Bem feito! Quem mandou digitar direto no Blogger.com? Agora, só mais tarde...

20 de outubro de 2003

Ouvindo agora...
Bebop, de Gillespie, por Charles "Bird" Parker.
Ventura
Eu acreditava que a música breganeja, aquela empulhação mela-cueca cantada com voz de bode no cio fosse naufragar no final do governo do alagoano narigudo. Sério - pensei que o fim daquele equívoco político levaria o mau-gosto do presidente junto com ele. Diria Robin, o garoto problema: "Santa ingenuidade!". A música breganeja virou commodity!
Este negócio está por todo lado; o que os pagodeiros mauricinhos cantam é breganelo; o que o KLB ("Kilo de Lingüiça Branca", segundo o meu irmão) canta é breganejo, ; aquela música da extinta Extreme, More Than Words também é! Estamos cercados por todos os lados.
Há salvação, meus irmãos? Há. Desligue a TV aberta e toque o CD Ventura dos Los Hermanos. Sim, isso mesmo: os caras que tocavam aquela breganeja em forma pop, Ana Júlia, fizeram um álbum irretocável, fantástico. O clip de Cara Estranho está por aí, na MTV. Ouça, falo sério.

15 de outubro de 2003

O Sumo Pontifice
Faz pouco tempo descobri que a palavra pontífice vem do latim pontifex (e é claro que eu, que entendo tanto de latim quanto de exobiologia estelar, posso estar redondamente enganado!), que significa "construtor de pontes". O lento ocaso do Papa João Paulo II esconde que ele e esta palavrinha têm mais em comum do que a cadeira que ele ocupa no Vaticano.
A Igreja talvez seja a mais odiada das instituições humanas, talvez ainda mais do que a própria família. Em contrapartida, é bem provável que jamais na História uma organização embuída da mais alta das missões sofreu Quedas tão vertiginosas. O papado foi um antro de todos os tipos humanos possíveis, de facínoras a santos. Esta fenomenal tensão entre a corrompida natureza do homem e a elevada missão que a Igreja tenta honrar é um dos maiores e mais fascinantes fatos do nosso mundo - condição que ela compartilha com todas as grandes religiões. E este papa que aí está, forte apesar da degeneração física visível, é provavelmente o maior responsável pela vitalidade de uma instituição que muitos deram como extinta neste século XXI. Não sei o que você pensa do Cristianismo ou da Igreja Católica, mas eis fatos que não podem ser negados.
João Paulo deu pernas e asas metálicas a missão de levar o Evangelho a todos (preciso dizer que a revolução do Cristianismo está no conceito de "amor universal"?), foi rígido, foi duro e incrivelmente suave, sentou-se ao lado de líderes de outras religiões e mesmo assim não se desviou da doutrina católico-cristã. Esta é a sua herança, por mais horrível que possa parecer a todos os contrariados. Sua vitória é a da idéia da religião e de seus representantes humanos como pontes entre este mundo e outro, de elevada estatura espiritual. Disse mais ou menos assim o mitólogo Joseph Campbell no seu Isto és Tu: Sempre que o sacerdote deixa de traduzir as metáforas de sua religião para seus fiéis, se atendo apenas a realidade social e política, os está traindo. Foi esta dimensão religiosa que João Paulo II tentou devolver a sua Igreja – e isto não é pouco. Não é por menos que combateu a esquisitice da Teologia da Libertação, tão famosa aqui no canto de baixo do mundo.
As mãos de muitos dos homens da Igreja esteve, está e estará invariavelmente suja, quem negará isto? João Paulo nos mostra novamente a tensão entre o homem desta terra e seu destino além deste mundo ao não esconder sua lenta e dolorosa degeneração. Paradoxalmente, acena com seu último ato, sua última mensagem de despreendimento físico e humildade diante do próprio Destino e sua missão.
Goste-se dele ou não, o homem é notável.

8 de outubro de 2003

Citação
Quase todos os homens podem suportar as adversidades.
Mas se quiseres testar o verdadeiro caráter de um homem,
dê-lhe poder.
Abraham Lincoln
Que vergonha...
Em que mundo eu estava que até agora não li O Idiota de Dostoievisk? Agora que saem no Brasil as edições em português vertidas diretamente da dureza do russo original sem a intermediação do francês, minha indigência literária não tem mais desculpas.
Piada para os programadores
Ei, programar computadores é o meu ganha-pão! Queriam que eu colocasse piada de quê aqui no blog?

4 de outubro de 2003

Retificação II
Lembra-se da mensagem sobre o site do CAPES? Pois é, fui alertado de que o conteúdo do mesmo não é disponibilizado gratuitamente, mas que ele funciona como um portal centralizador de publicações científicas de inúmeras áreas de saber.
Ah bom... Quem mandou não conferir a notícia, coisa básica de qualquer jornalistinha de jornal de bairro. Não é a toa que desisti de tentar ser jornalista.
Retificação
Quando falei do Estatuto do Desarmamento,não disse que era contra ele - é bem possível que ele consiga tirar um bom número de armas de circulação sim. O que eu quis dizer é que o tal estatuto é apenas um passo e não pode, como está acontecendo, ser vendido como a redenção para o problema da segurança no país.
Espero que tenha sido claro agora.

3 de outubro de 2003

Cenas que nossos pais não nos deixariam ver
Senhores, definitivamente... O mundo não é um lugar bizarro?


2 de outubro de 2003

Porrada no Sr. Marcelo Lopes!
Uia! Tomei uma lenhada lá no Anacrônicas.com. Riei, do Rio de janeiro, postou a seguinte mensagem: "Escute aqui senhor MARCELO LOPES, o filme Dinotopia é muito bom sim SENHOR e ao colocar aquele tua crítica ridícula referente ao filme vc simplesmente expos a sua mera opinião...."
Pombas, mesmo sabendo que o "senhor" foi ali usado com ironia, aviso logo que sou moleque demais para merecer tal honraria. Isto posto, vamos aos fatos.
Desde quando crítica deixou de ser opinião? A triste verdade é esta. Quando alguém critica alguma obra, na verdade expressa sempre sua opinião sobre ela. O nó da questão é em quê se baseia a tal opinião. Espera-se que um crítico use a sua bagagem cultural como alimento para tecer suas considerações e que o faça com maior consideração do que nós, pobres mortais, quando jogamos conversa fora com nossos amigos na mesa de um bar. Eis a única diferença entre uma opinião e uma crítica. A crítica deveria se basear no conhecimento, no domínio de determinado assunto e eu acredito que posso criar textos razoáveis a respeito de filmes porque já li e assisti um número igualmente razoável de livros e filmes. Por Deus, não me comparo a uma Pauline Kael nem em trinta anos, sequer esta é a minha intenção. E veja bem que há filmes que nem tento escrever a respeito, porque me falta bagagem, não tenho pudor algum de dizer isto.
Por outro lado, não devemos mesmo esperar que um crítico supere sempre seus preconceitos (pré + conceitos, lembre-se!) na hora de botar os dedos no teclado. Não faz muito tempo, muitos críticos avaliavam filmes de acordo com sua "temática social" - qualquer outra coisa era motivo de desprezo, em especial se o produto em questão era "comercial".
Sinto muito, mas o politicamente correto do tal Dinotopia me incomodou a ponto de estragar o filme, na minha opinião, ou como diz o dialeto internetês/inglês, IMHO. Será que daqui para frente terei que colocar na minha opinião, toda vez que for escrever alguma coisa? Ora, se não escrevo ficção, mas impressões pessoais sobre determinadas obras e acontecimentos, é claro que isto é uma opinião. E não há nada de errado nisso.
Se o leitor não concordou com o que eu acho, paciência. A partir do momento em que expus minhas linhas e nome na internet, estou dando mesmo a cara a tapa.
Ja ia me esquecendo... Dinotopia é chatinho sim. :-)