26 de outubro de 2003

Pudores estéticos
Ainda me deve uma explicação uma colega minha que reclamou da feiúra de Elvis Costello. Hã? Calma, explico: ela gostou da versão deliciosamente brega e solene (como muitas vezes o solene se aproxima do mau gosto...) da música She que faz parte do filme Um Lugar Chamando Notting Hill, mas achou que o sujeito era feio demais para participar daquela trilha sonora. Fantástico – agora medem a qualidade pela aparência do cantor.
Não que a aparência dos seres masculinos de fato me interesse; a exceção da minha aparência, claro, quero mais é que os outros se explodam. De fato, Costello pode ser vesgo, ter uma corcunda que muda de lado a cada minuto (como o impagável Martin Feldman em O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks) ou ser o mané que todas as mulheres desejam, o que desejo que ele faça o cara faz, e muito bem: canta como poucos. E estamos conversados. Quem aí fica medindo belezas nas poses e não nas vozes, pode ficar com seus produtos, que eu me viro com meus MP3 e CDs de gente feia e taletosa. Amém.
Ei, esta historinha besta de ditadura da beleza não está indo longe demais?

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