27 de setembro de 2005

Humor para inglês ver

A grande ironia é que, não fosse FHC e sua estabilidade econômica, o PT talvez não pudesse transportar tanto dinheiro vivo em malas e cuecas sem perder o seu valor. Como eles dizem, é tudo culpa do FHC mesmo.

Às vezes, eu venho de computador para o trabalho.

Às vezes, eu venho de computador para o trabalho. O único problema é que o meu não passa de um antigo K6-II 500MHz, então toda hora um chato num Pentium 4 ou Athlon XP fica buzinando e piscando o led do HD para mim. Claro que eu me vingo quando aparece um pobre coitado num 386SX bem na minha frente. Eu meto a mão no Winamp sem dó.
Claro, eu poderia ir de mainframe, mas não confio naquele monte de gente (e como cabe gente lá dentro) apertada indo de um lado para outro. Mas o pior mesmo é a turma que pega uns computadores velhos e trocam o sistema por Linux e sai por aí oferecendo carona de graça. Na verdade, eu até quis entrar num destes carros que dizem também ser muito econômicos, mas havia um bando de pingüins lá dentro e, como havia esquecido minha blusa em casa, acabei desistindo.
Preciso trocar logo de computador, pois tenho chegado atrasado sempre. Ou, o que espero, apenas um pequeno upgrade resolva o meu caso.

17 de setembro de 2005

Silêncio obsequioso

A principal razão para que um debate intelectual minimamente honesto no Brasil é quase uma impossibilidade (além, claro, da formação da maioria dos que se dizem “intelectuais”) reside na monstruosa partidarização do pensamento, característica genuinamente tupiniquim. A honestidade intelectual deveria conduzir o sujeito a um impasse que o impediria de associar-se a um partido em especial, porque não comungaria totalmente das idéias de nenhum deles. Ora estaria à esquerda da direita em algumas questões, ora à direita da esquerda. Ignorar estas ambigüidades e se filiar ou apoiar algum partido seria uma decisão puramente pessoal, não uma condição anterior às suas ambições intelectuais e muito menos medida de suas qualidades como intelectual.
No Bananão, acredita-se piamente que só existe inteligência à esquerda e que o Saci-Pererê existe. Depois de suar a camisa e adestrar os neurônios para entrar na universidade estatal, o sujeito compra o pacote completo do adesismo cego e trilha sua bem-sucedida carreira de “intelectual” pelo simples fato de estar ao lado da “galera do bem”. Leituras mal-feitas, professores militantes, equívocos repetidos à exaustão (ficou famoso o caso do professor ensinando que Marx grafava Kapital com letra maiúscula para reafirmar o poder e o domínio do capital sobre o homem até um aluno alertá-lo para o fato de a língua alemã fazer o mesmo com todos os substantivos...) e a coletividade a confirmar a excelência do mané, são os ingredientes necessários para a nossa falência como intelectuais.
Excluiu-se o debate, ou melhor dizendo, o embate de idéias. Sem um embate franco e feroz (não necessariamente mal-educado; brasileiro acha que ganha tudo no grito, mesmo estando errado; na terra de Pindorama mais vale a mentira vociferada do que a verdade polida), não há a menor possibilidade de uma vida intelectual representativa, atuante, que alimente a quem ouve, lê e participa.
Daí que estes “intelectuais em silêncio”, todos eles com seu séqüito de alunos e seguidores, colunas em jornais e revistas, onde não ficam um segundo sem repetir o mesmo discurso, não merecem mesmo ser ouvidos. Fossem honestos, estariam todos abandonando o barco do partido que apoiaram, e de forma ruidosa. Jamais imaginei dizer algo assim, mas certo estava Gabeira, quando deixou o PT depois de um chá-de-cadeira impingido por José Dirceu (aquele que diz não ser arrogante) e, depois, quando ainda encarou Severino.
Nossos intelectuais são escravos da sua escolha partidária e, graças a isso, a maioria perdeu a tão propalada honestidade por simples cegueira. Vivem num mundo próprio, alimentam os egos uns dos outros e parecem recusar-se a mergulhar na realidade que insiste, sabe-se lá o porquê, em chamá-los para pedir alguma opinião. Recentemente, a estrela da intelectualidade brazuca, Marilena Chauí, saiu-se com esta:

Nos últimos meses eu me perguntei: mas o que é que nós fizemos para sermos tão odiados? Nunca em toda a minha vida presenciei ódio igual a este. É uma coisa que faz perder a respiração. E eu sei hoje por quê: é porque nós fomos o principal construtor da democracia neste país. E não seremos perdoados por isso nunca.

Esta senhora não lê jornais (dominados pela burguesia, segundo ela), revistas (dominadas pela burguesia, segundo ela) nem assiste a TV (vade retro!). Se lesse, talvez pudesse se lembrar do ódio ao PSDB e FHC implantado pelo seu partido, em especial naquele desastrado final de segundo mandato. Talvez se lembrasse de que o seu partido barrou a reforma da previdência no tempo do “tucanato” só para aprová-lo no seu governo. Ou saberia que foi por pouco que o seu partido não apoiou Paulo Maluf para a presidência do país em 1985 por rejeição a Tancredo Neves. A democracia petista teria nos dado Maluf de presente. Ao menos, o país estaria cheio de túneis – entenda como quiser.
Mas, ao que parece, Marilena não lê sequer o que escrevem os seus companheiros de pensamento. Caso contrário, teria perdido a respiração com esta demonstração de graça e refinamento intelectual do sr. Emir Sader, em artigo defendendo a tese de que Severino é cria da “burguesia nacional e seu braço político, o PSDB” :

Severino sempre foi conhecido como corrupto. Mas era “their son of a bitch”, o corrupto – um dos tantos – de plantão no PSDB. Não serve mais e deve ser descartado. Outros aventureiros se candidatam a terem seus 15 minutos de glória. Como dizia o cartaz no casamento do filho de César Maia: “Não procriem”. É necessário castrar os tucanos, antes que povoem de novo o poder de Severinos.

Eu nem deveria comentar que, na vitória de Severino, a maioria dos votos veio da chamada “base aliada”, uma vez que a odiosa oposição burguesa de PSDB e PFL não chegava a metade dos votos recebidos pelo sujeito. Mas matemática é coisa de outro mundo para os pensadores do Bananão.
O tal silêncio dos intelectuais brasileiros não é um erro, desastre ou omissão – francamente, é um favor que eles nos farão, caso resolvam ficar calados. Se for para ler coisas assim, melhor mesmo que fiquem encastelados em suas universidades. E só voltem a falar quando houver um cenário de debate franco por aqui – ou seja...

5 de setembro de 2005

Perguntar não ofende

Nova Iorque, blecaute, agosto de 2003:




Nova Orleans, furacão Katrina, agosto de 2005:




Responda rápido: Qual das duas metrópoles acima é mais parecida com o Brasil?