28 de outubro de 2004

Sons do início do milênio


Nada é mais vulgar, bobo e brega do que comentar no seu blog os presentes de aniversário que você recebeu. E é exatamente o que farei agora. Minha namorada me presenteou com o último álbum da maluquete-esquimó-pop-alternativa Björk(a foto ao lado é dela), Medúla.
Certamente, ela (minha namorada) está se perguntando o que eu (ou)vi nesta bagunça de sons aparentemente desconexos e quase livres de instrumentos que não a voz dela (da Björk) e de outros. Também não entendi muito bem a proposta da hobbit esquimó logo de cara, mas não conseguia também tirar as músicas da cabeça logo depois de ouvir Medúla pela primeira vez.
São canções melancólicas, que alternam silêncios preenchidos apenas pela voz frágil e levemente desesperada da cantora com explosões de sons que duram pouco. Quando ela parece declamar a música, você acha que ela está cantando e vice-versa. É belo e um tanto aterrorizante, quase uma ópera pop de tons religiosos escrita por um ateu, se é que deu para entender onde quis chegar. Claro que não, e na verdade, eu não queria explicar nada mesmo senão minha carreira de crítico estará perdida para sempre.
Sim, eu sempre gostei de Björk e sua capacidade de fazer coisas estranhas, belas e cruéis. E, convenhamos, a capa deste álbum é belíssima.

14 de outubro de 2004

CCB
O CCB (Comando de Caça aos Blogs) informa que a temporada ainda não terminou. Depois que o site Imprensa Marrom foi gentilmente arrancado do ar por decisão judicial, Cristiano Dias decidiu subtrair o próprio blog por um tempo para reformulá-lo, logo após receber uma mensagem enigmática e ameaçadora entre os seus comentários. O mais absurdo é que a ação judicial que levou a exclusão do Imprensa Marrom (sim, ele está de volta) baseava-se em um comentário de um internauta sobre uma empresa de recolocação profissional. Lembra-se do caso da Dow Right, que conseguiu a proeza de tumultuar a vida da Você S.A.? Algo parecido, mas com outro protagonista.
Mesmo que o seu blog, como este que vos fala, esteja hospedado num provedor estrangeiro, leia com atenção o Manual de sobrevivência na selva de bits: evitando as ações judiciais contra publicações na Internet, de autoria da advogada e blogueira Cynthia Semíramis. Como disse o Inagaki, é clichê, mas vale a pena repetir: a luta é de todos nós. E, por favor, apesar desta última frase, eu não sou petista, sou internauta.

7 de outubro de 2004

Defeito...
Alguém pode me explicar o que aconteceu com o meu template?
[EDITADO]Depois do feriado, recuperei o código do cache do Google (isso mesmo, eu não tinha uma cópia aqui) e taquei de novo no Blogger...[/EDITADO]

3 de outubro de 2004

Atentado ao Pudor
Já sufragou na urna hoje?
Festa da Democracia
Voto no mesmo colégio no qual estudei por meus oito anos de primário. Geralmente, acabo encontrando alguns ex-colegas que andaram perdidos por aí. Neste ano foi diferente, havia apenas um paredão de militantes (mal e porcamente pagos, certamente) com seus "santinhos", pedindo para que eu votasse no Fulano da Padaria, Sicrano da Locadora ou Beltrano da Sex-Shop. As ruas estavam cobertas por uma camada imunda de papéis, jornais e outros artifícios para tentar fisgar eleitores de última hora - não era o meu caso, evidentemente.
Mas a felicidade de todo este povo me incomoda - o que há para se comemorar assim, com estes sorrisos bobos e promessas vazias de melhorias? Festa da democracia o escambau! Quem me conhece bem, sabe que defendo a democracia com unhas, dentes e uns sopapos, democrática e digitalmente aplicados, se necessário, mas chamar este evento de "festa" é rir em alto som da nossa inteligência.
Só ficam felizes neste festim dois tipos de idiotas. Os ridiculamente manipulados, que comparecem a comícios e outras bobagens, convictos de que estão dando um passo na melhoria de suas vidas. Estes gostam de candidatos populistas, que sobem a favela, beijam criancinha doente e fazem promessas para um paciente moribundo do SUS (leia-se o que bem entender). O outro grupo é formado por militantes, um tipinho que costuma esconder uma fúria colossal por baixo de sorrisos e promessas de solidariedade eterna, proibindo até o candidato adiversário de andar em praça pública (repito de novo: leia-se o que bem entender). Estes gostam dos candidatos à esquerda, que gostam de posar como se unanimidade fossem, não beijam criancinha, mas prometem "justiça social", que é uma forma sofisticada de populismo para ouvidos treinados.
Ah, claro, existem os bobos-alegres mesmo, mas estes sorriem até quando for anunciado o fim do mundo.
No mais, política é, em noventa e nove por cento dos casos, coisa de gente pequena, bem miudinha. Gente realmente grande faz grande política, mas estes são tempos de pouquíssimos homens assim. Nunca tive a oportunidade de votar num destes. Nem mesmo hoje.