25 de outubro de 2003

Sem graça

Sem graça
Li, faz algum tempo e em algum lugar que, obviamente não lembro mais, caso contrário já teria citado a fonte logo na abertura do parágrafo, que nada é pior para um jornalista do que conhecer um político. Sim, conhecer de conversar, trocar um ou outro piscar de olhos, guardar umas pequenas e inofensivas confidências que, longe de afetar a segurança nacional, brilham como pepitas de ouro aos olhos e neurônios desatentos do profissional de letras diárias. Daí para a admiração cega e a troca de “pequenos favores” vai um pulo, um passo. O mesmo posso dizer para os humoristas.
Já que a fauna política sempre foi inspiração para alguns dos melhores e mais inteligentes gozadores da miséria alheia, esperava-se que os humoristas não perdessem a velha verve, por assim dizer, em tempos de governo novo. O problema é que quase todos sempre estiveram ao lado (de preferência, a esquerda) dos novos donos do poder e agora mordem-se de vergonha de dirigir uma criticazinha sequer a seus aliados. Ora, senhores, abaixo o cabotismo, vamos em frente que humor é e sempre será subversão, e se não o for, não tem grande valor. O negócio é mostrar que o rei está nu e todos (repito:todos) os que se arriscam a ficar debaixo da espada que está pendurada em cima do trono, acabam por abdicar de suas vestimentas. E sempre precisaremos do menininho chato, aquele que grita no meio da multidão: “O rei está peladão!”.
Com algumas poucas exceções, cito o site Charges.com e o Casseta & Planeta, que promete satirizar tudo e todos no seu primeiro longa para o cinema. É aguardar para ver.

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