18 de maio de 2004

O que queremos ser é... "Malandro Burro Feliz Com Dinheiro"
Navegando a esmo pela blogosfera brasileira, me deparei com o blog Something Stupid, do Chico e com esta pérola da síntese da alma nacional. Eu jamais teria escrito melhor. Cito abaixo alguns trechos (você tem que ler a coisa toda no blog dele):

Mas eu falaria sobre o tipo ideal do brasileiro. O Malandro Burro Feliz Com Dinheiro. É o que mais se quer ser. Não se trata de aceitação de uma determinada condição psico-social. Não, se trata de desejo mesmo, de busca, de Sentido da Vida. O brasileiro típico quer ser malandro burro feliz com dinheiro.

Na verdade, o burro feliz é o mais fácil de ser e se encontrar por aí. É o modelo básico, digamos assim, sem os acessórios. Para ser burro, ele não precisa de nenhum esforço. A "felicidade" também pode ser comprada baratinha, mas não depende só de dinheiro. O burro feliz típico é aquele que quer a cervejinha do fim de semana, uma mulher em casa, a possibilidade de traía-la vez em quando e salário no fim do mês.

E é a aceitação dessa burrice como "conquista" da "inteligência" e caminho necessário para a felicidade a única "contribuição" brasileira para o mundo. Desculpem as aspas em excesso, mas brasileiro já é um ser humano entre aspas, portanto...

E se tiver dinheiro, a felicidade na Terra está completa. O malandro burro feliz com dinheiro é o auge que todo brasileiro almeja alcançar. Taí o Big Brother que não me deixa mentir.


Agora entendi o que tanto me incomoda nos comerciais de cerveja - todos eles, mas em especial os da Schincariol, que estão entre as peças publicitárias mais idiotas da história. Nada contra a cerveja, claro. Na verdade, prefiro um vinho a ela. Bom, na verdade mesmo, não gosto de cerveja. É isso mesmo, pode bater, pode mandar e-mail me xingando, eu não gosto de cerveja!!! Pronto, falei, vai encarar?
Pois bem, o fato é que as tais propagandas resumem a celebração deste modelo "Malandro Burro Feliz" (com dinheiro, nem sempre...). Em geral, seus personagens são uns manés de uns 26 a 30 e poucos anos, que contrastam com a beleza das modelos em ambientes de descontração depois da chatíssima semana de trabalho. Veja o último da Skol. O imbecil pergunta se a esposa vai continuar gostosa depois do casamento, porque a Skol, afinal de contas, tem lá suas décadas de vida e continua gostosona (para quem gosta). Desfeito o casamento, vemos o cara e um amigo num bar, onde o primeiro resume tudo: "Falou pouco, mas falou bonito" - típica frase de amigo bêbado mesmo.
A negação da realidade (não, meu amigo, sua esposa não será gostosa para sempre, e você, ó guardião da estética feminina, ficará careca, barrigudo, enrugado e mais chato do que é hoje) é um traço inegável do brasileiro. Estamos sempre a inventar desculpas, teorias acadêmicas e "intelectuais" de quinta categoria só para provar que nosso atraso é superior ao desenvolvimento dos outros. Junte-se a isso a absoluta falta de ambições pessoais, profissionais, espirituais, intelectuais, etc., etc., que a maioria do povo (seja lá de que "classe social" for) carrega como valor positivo e temos a receita pronta a desandar. E já desandou faz tempo - nós é que não percebemos ainda...
E aí, galega, concordagam comigo?

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