1 de junho de 2004

Memórias Literárias – I
Isso mesmo, agora vocês terão que aturar pequenos drops com as minhas impressões sobre literatura e minha relação (promíscua, diga-se de passagem) pelos livros. Como blog que se preza é um exercício de individualismo intelectualóide, eu não ficaria por fora. Como diz o comercial da Coca-Cola: “esta é a real”. Ou seria “é verdade, é fato”? Bom, um dos dois slogans é do governo e outro do refrigerante; seja lá como for não dá para entender no que querem que acreditemos.
Tive aquela infância de nerd besta; as professoras adoravam as minhas redações – houve até uma que jamais devolveu meu escrito. Foi na oitava série e o tema era destino; fui o único da sala a escrever que o homem constrói seu próprio destino, o resto do pessoal desfiou a ladainha do destino traçado.
(Nota de rodapé no meio do texto: Isto só demonstra como eu deixo de ganhar dinheiro. Uma narrativa destas seria perfeita para a introdução do relato de um empreendedor de sucesso, abriria para mim as portas das lucrativas palestras de auto-ajuda corporativa, eu teria uma coluna ao lado do Max Gehringer na Você S.A. Nada disso, esta observação acaba num blog pouco acessado da web. Eta vida besta, meu Deus!).
Mas foi graças a uma professora do primeiro grau que acabei desembestando de vez para a escrita: depois de escrever uma redação chata numa aula igualmente chata, decidi escrever para mim mesmo um pequeno conto. Ainda tenho este exercício pueril comigo, guardado em algum lugar que não me lembro mais. Mas foi divertido, uma fantasia sobre um mané que passa sem perceber e sem querer de um tempo a outro – isso mesmo, uma versão trash de algum episódio da série Além da Imaginação, incluindo-se aí o final trágico. Daí para a frente, escrevi mais de uma dezena de contos B de fantasia e ficção científica. Ei, antes que você pare de ler isto, saiba que Guimarães Rosa também começou com contos de realismo fantástico. Mas, ao contrário de mim, se desenvolveu e, bom, se transformou no autor de Grande Sertão: Veredas.
Este artigo precioso de Bráulio Tavares, A Pulp Fiction de Guimarães Rosa, mostra como os primeiros contos publicados por Rosa eram influenciados por este gênero.

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