14 de abril de 2004

Políticos e Políticos...
Diante do meu desinteresse no futuro exercício de cargos públicos - leia-se políticos - expresso depois que um colega me perguntou a este respeito (agradeço a ele por achar que tenho potencial para a coisa; eu tenho lá minhas dúvidas...), posso tranquilamente explicar as minhas razões.
Ao contrário de outras atividades, na política parece não haver lugar para "batedores de ponto". Aquele cara mediano, que quase nunca chega atrasado, realiza seu trabalho bem-feitinho, nunca brigou com o chefe, paga suas continhas em dia, blá-blá-blá, já deu para entender. O mediano, ou a maioria de nós, é uma figurinha quase inexistente no mundo político. A imensa, esmagadora, absoluta, inapelável maioria dos ocupantes dos cargos políticos é, francamente, ruim de serviço. Não, não estou dizendo que são corruptos; estou afirmando, com todas as letras, que pouco têm a oferecer diante da importância dos compromissos por eles assumidos. Estes se tornam políticos por absoluta falta de alternativas pessoais - são ex-artistas, ex-taxistas, ex-frentistas, ex-empresários, ex-qualquer-coisa-na-qual-eles-não-se-deram-bem-ou-já-encerram-seu-ciclo-de-sucesso. Em geral, apresentam poucos projetos relevantes, ajudam de forma, digamos, duvidosa, parentes e amigos e cuidam com afinco de sua carreira como se defendessem um "feudo". Muito comumente, sobem na hierarquia política, embora sem grande brilho ou impacto. Alguns ganham os holofotes por um tempo, outros jamais vêem a luz das câmeras e a tinta dos jornais - e preferem que seja assim.
E, há, claro, o minúsculo grupo dos que "nasceram para a política". Veja bem: ser um bom político é algo que independe de habilidade intelectual ou bagagem cultural avançadas - vejam os néscios que disputam a tapa e baixaria os "Big Brothers" da vida. Também nada tem a ver com partidos ou a corrente ideológica do sujeito; por outro lado, esta habilidade costuma aparecer espontaneamente. Ou o sujeito vira "empreendedor" ou "político". Não nos enganemos, porém: precisamos destes sujeitos de talento sim, especialmente numa democracia, concorde-se com eles ou não. Se não fosse por esta turma, a política não passaria de um joguinho entre medíocres iguais, trocando favores minúsculos e avançando lentamente sabe-se lá rumo ao quê.
Como não sou suficientemente pequeno para ser mais um vereador dando nomes para ruas, e muito menos possuo habilidades que me garantiriam um lugar na turminha do topo, melhor ficar bem longe disto tudo.
Como bem disse uma amiga: "Marcelo, se você pensar em virar político, eu te interno!".
Pode deixar, não corro este risco.

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