12 de novembro de 2003

A constatação de um equívoco
A cada António Lobo Antunes que leio (acabei O Manual dos Inquisidores), fica mais clara a limitação de José Saramago, estrela maior da literatura lusitana. Como disse o Dennis do Caderno Mágico de Dennis, Não vou afirmar que José Saramago seja mau escritor. Digo apenas que não gosto do modo como ele escreve, não gosto dos seus enredos, não gosto dos seus personagens, não gosto de suas aberturas, nem de suas conclusões.
Saramago tem um estilo bem urdido, trabalhado, capaz de se superar por vezes - Ensaio Sobre a Cegueira quase chegou lá. Mas é isto. Falta-lhe algo, talvez um carinho pela miséria do homem, que o fizesse criar personagens mais interessantes e menos submissos a algumas metáforas simplistas que saltam aos olhos. Num de seus últimos livros, cujo nome fugiu de vez da minha cabeça, há referências ao mito da caverna de Platão e ao mundinho asséptico dos shopping centers, numa "denúncia" contra a globalização. Sejamos sinceros: não é pouco? Não é algo constrangedor? Para um vencedor do Nobel, é sim.
Nem me dignifico a comentar seu gosto particular por ditaduras ou sua absoluta certeza de que é um "iluminado materialista" neste mundinho de ignorantes, porque aqui falo apenas de literatura. E a literatura de Saramago é boa, com alguns lampejos maiores. E só.

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