29 de agosto de 2003

O exemplo vem de cima
No relatório dos auditores responsáveis pela investigação independente das causas do acidente trágico com a espaçonave Columbia, estava a "falta de verbas" como um dos fatores que levaram a deterioração do programa. Não interessa o que qualquer membro do governo brasileiro diga agora, a nossa tragédia espacial em Alcântara também tem muito disto.
Que um país subdesenvolvido (ou em desenvolvimento, que seja) resolva conduzir um plano espacial, nada de tão absurdo. A indústria dos satélites é cara e complexa e o domínio desta tecnologia pode ser muito interessante para um país - especialmente um situado bem na linha do Equador, cuja proximidade facilita o lançamento de foguetes.
Mas, uma vez que o país tenha se decidido por este caminho, que o faça da forma correta! Nosso programa estava errado, e seus equívocos já vêm de longa data. Corrida espacial é coisa de fôlego, de verbas, de homens altamente capacitados e dispostos - e só tínhamos o último item da lista. É questão de prioridades, que devem ser bem-definidas, levadas a sério, senão acabam na bobagem da compra dos caças pela FAB. Uma briga de foice e interesses, precocemente sepultada por uma resolução demagógica do atual governo, alegando que usaria melhor o dinheiro dos caças nos seus "programas sociais". Sim, os mesmos que jamais saem do papel e cujo Orçamento foi devidamente mutilado para o ano que vem. Alguém entende um troço destes?
Muito barulho se fez diante da possibilidade de os EUA utilizarem a base de Alcântara sem transferência de tecnologia. No auge da bestialidade do debate ideológico, houve quem mencionasse que os norte-americanos estavam arrendando uma parte do território nacional para si. Que acordo sem transferência tecnológica é uma baita burrada, nem preciso ser um gorila vesgo para saber; daí a ideologizar o debate vai um abismo, bem fundo, cheio de armadilhas. Pois bem, eis uma delas: Ninguém briga agora, quando o Brasil se prepara para assinar um acordo com a Ucrânia para que esta ex-colônia russa possa usar Alcânatara de forma bem parecida com o proposto pelos EUA. Continuamos no caminho errado.
Perdemos grandes homens naquela explosão. Oremos por eles.

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