19 de agosto de 2004

O perigo das palavras
Dando um tempo na polêmica sobre os projetos claramente autoritários de controle estatal sobre a produção cultural e o jornalismo, Lula foi se encontrar com o presidente da Costa Rica, Abel Pacheco de la Espriella, na República Dominicana - que, acredito, deve ser o penúltimo país mais miserável da América Latina, só perdendo para o Haiti. Pois Lula disse, em tom de brincadeira, segundo seus assessores, que fez "[...] agora uma viagem ao Gabão e fui aprender como é que um presidente conseguiu ficar 37 anos no poder e ainda se candidatar à reeleição”. Para quem não sabe da missa metade e só balança a cabeça para o que Jornal Nacional noticia, o tal presidente do Gabão (um poço de miséria assustadoramente igual a quase toda a África), Omar Bongo é um ditador com mão de ferro que não larga o poder há longos 37 anos. Acusado de assassinatos, prisões por motivos políticos e outras aberrações típidas de dirigentes vindos da escola de Fidel, Idi Amin e Stálin, serviu para (mais uma) piada sem graça alguma do nosso presidente.
Numa semana em que o governo acenou com tentativas de controle sobre a produção cultural, nada poderia ter sido mais despropositado.

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